sexta-feira, 6 de abril de 2012

Afinal o que mudou?

No primeiro semestre de 2008, apreciando a corte socrática escrevia que “…Face à arrogante surdina ministerial instalada, desfilam nas ruas professores, militares e policias, empregados fabris e enfermeiros a contrato… pessoas reclamando saúde e sem comida no prato…” e agora a esta distância interrogo-me. Mas afinal o que mudou?
O meu País continua sem autonomia da união europeia, altamente subserviente á Troika, aos lóbis da economia paralela e do ouro negro e com um governo autista, que deixa quem dobrou a dívida da nação em seis anos, do alto da sua altivez e sapiência na arte do embuste, emigrar apostando num ano sabático a fim de juntar à sua orgulhosa licenciatura uma outra, desta vez em Ciências Políticas. Apesar da contrariedade de não poder realizar exames a outros dias que não os úteis e com a Faculdade aberta, situação para a qual não estava preparado, encontra-se empenhado a realizar a cadeira de Francês Técnico e uma dissertação filosófica intitulada de “só sei que nada sei”, que tão jeito tem dado para responder às convocatórias dos tribunais portugueses.
Mas regressando às ruas, juntaram-se aos primeiros os quadros superiores, médios e mão-de-obra especializada, recibos verdes e malta mal contratada! Os Funcionários Públicos, mal amados… caminham de braço dado com a “geração à rasca”, pensionistas e reformados. Descem a avenida da cada vez mais “pouca Liberdade”, uma amalgama de criaturas humildes que defendem a identidade, numa clara missão de defesa dos interesses da democracia, vetando a austeridade, o Fundo Monetário Internacional e a TROIKA.
Desfilam na classe ministerial mentirosos e mentiras, denominadas de imprecisões, inverdades e mais recentemente “LAPSOS”! Fantoches que «muito vagarosamente», subestimando a inteligência dos receptores, tentam explicar que o roubo dos subsídios só termina em 2015, que é ano de eleições e «imediatamente consecutivo a 2014», ano em que termina o programa de ajustamento. Não há limites para os sacrifícios da plebe, enquanto o poder e seus parasitas passeiam a 199 km/h nos carros de grande cilindrada do Estado (nossos) porque as multas até vão continuar a ser pagas pelo Estado (nós). Continuam os subsídios de reintegração para os compadres, alguns já receberam, outros recebem e muitos (quando acabarem os mandatos) irão receber. Telemóveis, ajudas de custo, subsídios de alimentação, alojamento e deslocação, as viagens, despesas de representação, “comissões” e “avenças”, empregos com vencimentos principescos conseguidos à custa do cargo/ função exercida, para eles, familiares e amigos, pró cão, gato e canário… justiça branda e a trabalhar ao retardatário.
O problema da crise económica só existe para quem não goza dos subterfúgios e ferramentas do poder, porque para os subservientes do sistema, o problema é tirar o maior partido dele! Cresce a tese da construção do inevitável e mais do que uma crise económica assiste-se neste País a uma crise de valores, ao colapso moral e à cegueira libertina em torno do que é socialmente correcto e do que é em prol do bem comum.
Foram à tomada de posse de Lambreta, mas rapidamente cederam às obstinações e encantos da alta cilindrada.

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