quinta-feira, 28 de março de 2013

Adivinha quem voltou?!?!

"A Escolinha"

Contaram-me há tempos sobre uma escola… “com salas de aula vividas”, assente nos afetos, compromissos, cumplicidades e responsabilidades, quase como uma extensão do seio familiar (promovendo a diferença das demais), onde o aluno é visto como um ser que interage, cria laços e afinidades com os seus pares e com as pessoas que zelam e contribuem para a sua educação e formação.
No fundo, um complemento da família, um eficaz meio de transmissão de valores e um poderoso agente de formação, na qual a criança satisfaz as suas necessidades de relacionamento e assimila o aporte cultural, num ambiente que difere pouco do universo familiar, ainda que com um conjunto de regras diferentes. Respeitando numa fase inicial, o facto de a criança alternar entre o estatuto de filho no quadro das interações familiares com o estatuto de aluno no quadro das interações escolares, traços que se esbatem com a proximidade dos relacionamentos e afetos com as suas novas referências, integrando e valorizando as suas diferenças.
Um conceito de boas práticas que permite aos Encarregados de Educação depositarem a sua confiança, cientes da importância dos valores transmitidos e das Figuras de Referência que tratam os alunos pelo nome próprio, os percebem na cumplicidade de um olhar, compreendem as suas inseguranças e conhecem as suas preferências, resultando num saber mobilizável para as suas práticas. Um espaço onde se respira liberdade e criatividade… diziam-me! Onde a empatia criada e os afetos estabelecidos potenciam o conhecimento e reforçam a eficiência das práticas, apoiando os alunos nas suas buscas e descobertas, nas aprendizagens, na construção da personalidade e carácter, através de metodologias diferenciadas e estratégias adequadas e suficientemente motivantes.
Interrompi bruscamente quem me estava a pintar um quadro tão cor-de-rosa… Como poderia ser? Percebi no gaguejar posterior, que afinal estávamos a falar de uma daquelas escolas, que ao contrário da pública, só escolhe “os problemas que quer ter”, promove exames de admissão, endeusa os rankings e exclui os que não contribuem para ele, não conhece o quadro das necessidades educativas especiais e onde realmente os Encarregados de Educação depositam a sua confiança… e pequenas fortunas mensais!
A minha escola não é assim! Deixou de ser como a do meu avô, fria e implacável e que formava cidadãos acríticos, para ser excessivamente liberal, onde se promove o facilitismo e aligeiram programas, se combate a aliteracia de forma cega e se certifica a granel. Onde a pedagogia diferenciada se transformou na pedagogia de massas e os objetivos motivantes em metas (mínimos) a atingir. Como pode o professor tirar dúvidas com trinta alunos na sala de aula?
Só através do profundo conhecimento do aluno se elaboram materiais didáticos minuciosamente personalizados, que se constituam como um desafio à superação das dificuldades e a elevação das capacidades, de acordo com competências adquiridas, da tendência de prestação de cada criança e do seu ritmo de aprendizagem (forma como apreende informação e progride), selecionando objetivos ambiciosos (o mais possível) que respeitem as diferentes possibilidades.
Na minha escola existe uma amálgama de vicissitudes e de interesses divergentes, onde quem quer ser doutor convive com a realidade social…