quarta-feira, 9 de abril de 2008

Desacordo Ortográfico!


“Anacronismo” e “fidelidade à dicção” são os conceitos que justificam a pretensão de “honrar” os compromissos do acordo ortográfico de 1991, defendem os lóbis económicos e aqueles que lhe devem subserviência, conjecturando que o prazo de seis anos de transição é razoável para a adaptação às modificações previstas. Tanto tempo? Se é mais uma imposição desta desgovernação, pois bem, eu não necessito de seis anos… Amanhã, apressar-me-ei para informar os meus alunos que Brasil mudou para Braziu e Portugal para Porrtugau, afinal as formas escritas deverão acompanhar e espelhar fielmente a dicção.
Património cultural e amor à língua de Camões são as motivações que me movem contra este acordo, não sofro de qualquer tipo de “sobranceria colonialista”, de quem não quer que nada mude, tenho plena consciência que a Língua Portuguesa tem sofrido alterações, mas porque é que temos de nos aculturar?
Recuso esta tentativa de aculturação. Tal como me recuso a aceitar que grande parte das vogais agora fechadas, tendam a abrir num futuro próximo, em nome da adopção cega de uma grafia comum. Dizia num tom enfático um colega: - “O cágado está de facto no jardim”, antes do acordo, porque depois: - “O cagado esta de fato no jardim”. Como podem afirmar que os “c” antes de uma consoante são “tiques” inócuos?
Não somos donos da lusófonia mas, pessoalmente, gostaria muito de acreditar que mandamos na língua que falamos no nosso país.

O Ano Zero...

No inicio desta época desportiva muitas vozes célebres se elevaram, verdadeiramente embriagadas em promessas “de que este ano é que é”, “a melhor equipa dos últimos vinte anos” e “para breve uma final europeia”, como que detentoras da verdade absoluta, espelhadas na idoneidade de uma senhora que passou a ser escritora, abusaram e julgaram em praça pública as personagens indiciadas no processo apito dourado. Passado o período de turbulência de escrever, ou ajudar a escrever o prefácio, ou o livro todo… já era hora de embandeirar em arco, o tal ano zero, o ano do agora é que vai ser… Ávidos em propagandear a brilhante gestão financeira, confiantes na relação promíscua com a comissão disciplinar da liga, Camacho na calha a fazer sombra ao Engenheiro e os cristais embalados para presentear as visitas… está preparada a época desportiva. Este ano é que vai ser…
Mas não foi! Afinal, no propagandeado Ano Zero o campeão foi o mesmo, apenas com uma diferença, deixou a mediocridade da concorrência directa a quase vinte pontos de atraso e ainda faltam jogar cinco jornadas… A desproporcionalidade das palavras iniciais medem-se quando as figuras mais representativas da caça às bruxas, encabeçadas pelo seu timoneiro, atiram a responsabilidade do insucesso desportivo para alegados erros de arbitragem, colocando em causa a verdade desportiva, em vez de humildemente reconhecerem a força indiscutível do campeão e dos tiros nos próprios pés. Afinal, não me lembro de ter sido o senhor que traja de preto a vender o Simão e o Manuel, a comprar uma armada argentina que poucos minutos jogou, a trair o engenheiro e a fazer da sua principal figura um director desportivo antes do tempo, enfim a entreter os sócios, adeptos e simpatizantes. Estes sim, por tanto serem enganados deveriam chamar a judiciária. Este ano é que ia sendo…
Foi o ano zero… Zero corrupção, zero títulos e zero condenações precoces, atentem que ainda haja quem respeite a presunção da inocência neste país.